Não queremos aqui, tecer considerações pessoais, por isso mesmo parcialistas, sobre a tão ufanada “aliança para o progresso”. Vamos apenas citar um fato que parte não de uma pessoa que descrê de amizades internacionais sem interesse, auxilio sem vantagens, pessoas que ignorem a política internacional, que desconhecem a economia mundial, que menosprezem a conjuntura internacional sobre guerras fabricadas, como Berlim, ou guerras inventadas como “guerra fria”.
Não parte ainda, o fato que vamos a seguir expor, de pessoas “anti-ianques”, ou “pró-ianquis”. São simplesmente pessoas ligadas ao grande mundo administrativo pan- americano: o banco interamericano do desenvolvimento, ou BID. Estiveram em Curitiba, na semana que findou, os Srs. Felipe Herrera, presidente do banco interamericano de desenvolvimento, e Cleantho de Paiva Leite, representante do Brasil naquele órgão internacional de crédito. Bastante francos os seus pronunciamentos, sobre as verdadeiras finalidades e possibilidades da aliança para o “progresso”. Desfizeram duvidas.
Desmentiram João Kennedy, desmentiram Dean Rusk, colocaram na chinela o nosso Lincoln Gordon, Eugênico Lacerda e “Tutti quanti”... Lembrem-se os leitores: fala-se em trinta bilhões de dólares de graça, na “base do amor”, para os latinos que são americanos (ao ver deles), mas que residem ao sul do Rio Grande. Falou-se ate em segundo plano Marshal da Europa. Falou-se ate que os brasileiros, pela primeira vez em sua historia, não seriam explorados, que haveria (pasmem) ate reforma agrária, como se isso fosse assunto de crianças. Revelaram aquelas duas autoridades, ao povo de Curitiba,, mas que não é menos brasileiro do que os cariocas e paulistas, que, em face de uma divulgação exagerada e equivoca, aquele programa passou representar, para os povos oprimidos (por eles chamados de subdesenvolvidos), entre os quais o Brasil, a salvação de todos os males e dificuldades, como se os fundos fossem inesgotáveis e inexauríveis. Pondo os pontos em seus verdadeiros lugares, esclareceram que a aliança para o “progresso” aplicará fundos em planos específicos, como: saneamento, estradas e energia elétrica (o que já é alguma coisa, talvez os juros do que já nos usurpam). Os seus fundos não se destinam a garantir a base do desenvolvimento dos países em que são aplicados, senão amparar apenas os que apresentam algum desenvolvimento, apesar de toda argumentação em contrario, como o nosso Brasil brasileiro.
Não é finalidade da aliança para o “progresso”, continuarem as duas altas autoridades da instituição de credito, perquirir dos problemas mais prementes, dos males mais incuráveis, que no final é do próprio explorador norte-americano. Mas não se pode condenar a sinceridade dos dois moços, pelos esclarecimentos fornecidos, e em boa hora. Ao contrario, vêm eles desmanchar uma falsa impressão que vinha sendo criada, em torno de um mito, que agora passa a ser piada. “good travel” - passem direito por aqui.
FLÂMULA-Jornal da UPE-Curitiba
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