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Vanio Coelho

VANIO COELHO

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A mulher é jovem em qualquer idade

Atualizado: 22 de set. de 2019



Deve a mulher conformar-se com a chegada da menopausa? Não – respondem médicos americanos, secundados por outros, brasileiros -, pois a juventude feminina pode ser prolongada a limites nem sonhados até hoje. Menopausa, dizem eles, é uma simples doença e, portanto, curável.


Talvez Cleópatra tenha sido a primeira mulher a lutar para ser eternamente jovem. Mas conservar a beleza física, para sempre, é não só um desejo como um direito feminino, já que a mulher é o centro da atenção dos homens, seja o marido, sejam os admiradores. O elixir da juventude tem sido, até aqui, uma fábula que rendeu mais lucros aos alquimistas do que à mulher. Mas, se um médico de renome, como o Dr. Robert ª Wilson, jogando com o prestígio de uma organização famosa como o Hospital Metodista de Brooklyn, afirmar que a juventude, para a mulher, pode realmente ser prolongada pelos anos afora? O ginecologista de Nova Iorque, então, escreve suas experiências num livro, Feminine Forever, e mostra sua maior prova: a própria esposa, Thelma. É uma antiga enfermeira, e sua primeira cliente, hoje contando 70 anos, mas conserva ainda o aspecto e a energia de uma mulher de 50. Terá sido descoberto um elixir que mantenha intacta a beleza da mulher? Sim – diz o Professor Henry S. Acken, do mesmo Hospital Metodista de Brooklyn, esclarecendo que o elixir é uma pílula contendo hormônios estrogênicos. E remata: “Os estrogênios não são a fonte da juventude eterna, mas talvez sejam a fonte que a alimenta.”


O SEGREDO ESTÁ NOS HORMÔNIOS

A grande partida dada por Wilson foi a afirmação, embora ainda não aceita integralmente por toda a classe médica, de que a menopausa não é um estado orgânico, como a puberdade, mas uma doença, e, como tal, curável. “A menopausa – diz Wilson – não é um acontecimento inevitável, com o qual a mulher deva resignar-se, mas uma doença análoga à diabete, que é devida a uma insuficiente produção orgânica que pode ser curada.” Graças a isso, a idade de 40 anos não mais pode ser usada como a divisão entre mulheres jovens e maduras. Como Wilson chegou a essas conclusões? Seus estudos remontam ao final da Segunda Guerra, quando milhões de mulheres americanas exerciam o trabalho fora do lar, suprindo a falta de homens, envolvidos no conflito. Centenas de mulheres procuraram Wilson, reclamando contra a menopausa e recusando-se a aceitar os pesados encargos e sofrimentos inerentes aquele estado orgânico, com suas conseqüências psicológicas. Wilson já observara que nenhuma fêmea de animal sofre desse mal. Não seria assim a menopausa conseqüência de alguma produção insuficiente de hormônios? A probabilidade média de vida vem aumentando nas últimas décadas: de 40, 50, 60 e recentemente 70 anos. Assim, se a constituição orgânica fora feita para uma vida de 30 ou 40 anos, talvez pudesse se fosse notada alguma deficiência, ser suprida, aumentando-se fisiologicamente a vida, a par de longevidade física para 50 ou mesmo 70 anos. Sua primeira cliente, a própria esposa, começou logo a demonstrar efeitos surpreendentes, e o consultório de Wilson tornou-se pequeno para atender a milhares de mulheres. Wilson descobrira que o corpo da mulher se desenvolve graças aos hormônios estrogênicos e que, aos 30-40 anos, esses hormônios começam a faltar, até desaparecerem por completo. E começou a ministrar estrogênios através de pílulas. Parte de sua descoberta deve-se a uma cliente que, com quase 50 anos, queixava-se de não ter conseguido ainda controlar a menstruação. Wilson passou a deter-se nessa cliente, e, quando, casualmente, ela revelou que vinha usando pílulas anticoncepcionais, havia anos, deu-se o estalo: tais pílulas contêm estrogênios. A partir daí, as pesquisas foram confirmando suas dúvidas, até ele chegar ao Feminine Forever, livro que vem revolucionando a Medicina, a Sociologia e a própria Igreja Católica. Revistas importantes do mundo inteiro têm dedicado reportagens seguidas a essas experiências.




O LADO BRASILEIRO DA QUESTÃO

As pesquisas de Wilson, se não são aceitas integralmente, também não são bem originais nem excluídas. Nos Estados Unidos, os médicos dividem-se em conservadores (não aceitam a menopausa como uma doença e se negam a modificar o estado biológico da mulher), os moderados (que aceitam o uso de estrogênios, mas com rigoroso controle), os progressistas (que consideram a menopausa uma doença, mas preocupam-se com a aplicação e os radicais (estes seguidores de Wilson, defendendo a aplicação mundial, embora controlada). A respeito, disse o endocrinologista brasileiro Maurício Teichholz: “Menopausa é a fase final do climatério ou período crítico da vida da mulher. Caracteriza-se pela terminação da capacidade reprodutora (ovulação) e do fluxo mensal, e pela cessação da produção de hormônios estrogênicos pelo ovário. È à deficiência ou ausência desse hormônio que se atribuem numerosas manifestações que afligem a mulher no pré-climatério e na menopausa, bem como em qualquer outra fase da vida feminina. Os hormônios estrogênicos são produzidos nos chamados folículos primordiais do ovário, cujo número é calculado em 400 e 500, e cada casa um dos quais contém um óvulo. À medida que a produção de estrogênios cresce, opera-se transformação de menina em moca, durante o período de puberdade. As formas externas do corpo, antes indistintas das do sexo masculino, começam a se definir: surgem as curvas femininas, crescem os seios, aparecem os pelos axilares e pubianos, desenvolve-se o aparelho genital. Por fim, ao se dar a primeira ovulação, instala-se a menarca ou primeiro fluxo menstrual, que se repetirá daí em diante em ciclos regulares, de 28 em 28 dias (mês lunar). Uma vez esgotado o estoque de folículos, existentes nos ovários desde o nascimento, cessa praticamente a produção de estrogênios e, com ela, as funções peculiares. Surgem, então os transtornos da menopausa. A atuação dos estrogênios não se limita, porém, ao aparelho genital e à preparação da mucosa uterina para a nidação. Eles atuam, ao mesmo tempo, sobre a totalidade do organismo feminino. Tem ação vitalizante sobre os tecidos, como a pela e os cabelos, ativante da circulação por dilatação dos vasos periféricos, reguladora do equilíbrio do sistema nervoso e, de modo geral, coadjuvante do bom funcionamento de todos os órgãos femininos. Fez bem o Dr. Wilson ao encetar a campanha de divulgação sobre a menopausa. Ao perceber um dos sinais de alarme da menopausa, a mulher procurará o médico preferido, seja o clínico ginecologista ou endocrinologista, que terá elementos para ajudá-la a aliviar seus males.


O OLHO DA FERTILIDADE

O professor A. Campos de Paz Filho, presidente do Conselho Mundial de Fertilidade, afirma, com relação a suas pesquisas: “Durante muitos anos, a medicina vem-se utilizando desses hormônios com o objetivo de suavizar a crise de involução da mulher. A inexistência das preparações hormonais de fácil administração por via oral e destituída dos efeitos secundários fez com que tais drogas fossem utilizadas na menopausa de modo parcimonioso e tardiamente. Na realidade, devem-se a Robert A. Wilson uma conceituação diferente do problema e o emprego sistemático de hormônios ovarianos e a partir dos 35 anos de idade, visando a impedir o processo involutivo e, mais que isso, a instalação da menopausa. Com esse método, tornou-se possível preservar os caracteres de feminilidade e protelar a menopausa até a idade que se desejar, permitindo que a mulher, mesmo em idade avançada, possua as mesmas características de feminilidade que apresentava aos 35 ou aos 40 anos. Mesmo nas mulheres já em menopausa, o tratamento pode ser instituído, restituindo-lhes o ciclo menstrual e possibilitando a volta de muitos de seus atrativos de feminilidade. Na verdade, nada mais fazemos que submeter o organismo feminino a um permanente e cíclico estímulo hormonal, tal como ocorre durante a maturidade sexual. Esse recurso tem sido também usado por nós e por outros especialistas para proteger a feminilidade de mulheres jovens cujos ovários foram destruídos por tumores, e por isso entraram em menopausa precoce.”


UM PONTO DE VISTA FEMININO

A menopausa é uma doença exclusiva da mulher, mas que preocupa a todos, devido a sua influência no comportamento feminino. Pois nesse estado a esposa, a mãe de família ou a mulher que trabalha podem-se comportar das maneiras mais variadas: um dia organizam programas e logo depois se arrependem por não poder cumpri-los. A Doutora Clarice do Amaral Ferreira, em seu livro Menopausa: Nunca É Tarde para Amar presta, entre outros, o seguinte esclarecimento. “Basta que as mulheres ouçam essa palavra (menopausa) para que sintam logo uma angústia percorrer seu espírito como se fora uma desgraça irremediável pela qual tivessem que passar Para muitas mulheres essa fase representa o fim, a morte em vida, o final da sexualidade, a ameaça de doenças e perturbações mentais, enfim, um inferno onde entrará e onde todos deixarão consumir-se sem remédio.” Depois de analisar o aspecto clínico e o comportamento psicológico da mulher no climatério, continua a ginecologista carioca: “Muitos dos distúrbios da menopausa podem ser levados a um mínimo, se as mulheres estiverem suficientemente informadas a respeito do que esperar, e como proteger-se. Não deve ter medo porque alguma amiga referiu que a menopausa traz insanidade mental à mulher. Verdade que é um período propício à eclosão dos distúrbios emocional, mas não é causado pela menopausa.”


UM ESTUDO CARIOCA

O Dr. Vespasiano Ramos, professor da Universidade do Brasil e tradutor para o português do famosíssimo Relatório Kinsey, que possui, na relação de sua clientela, uma senhora de 82 anos, “tão jovem quanto uma roseira, cheia de nós, mas sempre carregada de frescas pétalas”, afirma, numa crítica ao trabalho de Wilson: “Os estrogênios evitam o aparecimento da hipertensão, doenças cardíacas, a osteoporose, e asseguram respostas sexuais satisfatórias às mulher que, deste modo, conservam a sua feminilidade. Estes hormônios não exaltam a libido, transformando as pacientes em ninfômanas, mas são necessários para as funções sexuais normais. Este ponto é muito importante nas pacientes após a menopausa.” Contudo, mais adiante, adverte: “Cabe ao ginecologista, entretanto, controlar a administração perfeita e adequada dos hormônios. As pacientes deverão ser submetidas previamente a exame físico completo, inclusive preventivo de câncer.”

A aplicação de estrogênios teria alguma relação com o câncer? Essa foi uma dúvida levantada nos Estados Unidos, principalmente pelos adversários de Wilson, que o acusaram inclusive de fazer propaganda para a indústria farmacêutica. Mas um estudo feito por Bakke comprovou que, em 1.4222 mulheres que tomavam estrogênio durante muitos anos, a incidência de carcinoma foi presenciada em apenas 5, quando o índice normal esperado era de 96. Isto é, a incidência é menor do que entre as mulheres que não fazem uso dos hormônios estrogênicos.


MENOPAUSA ATACA O CORAÇÃO

Por outro lado, estima-se que a arteriosclerose (isto é, depósito de colesterol nas paredes das artérias coronárias) seja de 10 a 40 vezes mais freqüente nas mulheres, depois da menopausa, o que os estrogênios evitariam. O Dr. Edward Davis, da Universidade de Chicago, que também fez estudos paralelos da menopausa, chegando aos mesmos resultados que Wilson informa: “Tem-se manifestado nos últimos anos provas crescentes da existência de uma relação direta entre o aumento da produção endógena de estrogênios e a patogênese da arteriosclerose. A raridade da moléstia coronária em mulheres na pré-menopausa, em contraste direto com uma freqüência maior desta séria complicação em homens jovens, chama particularmente a atenção. O começo do climatério (época crítica da menopausa) e a diminuição na produção de estrogênios coincidem com o aumento rápido e progressivo na incidência da arteriosclerose. O relatório mais interessante é o Estudo Franinghan, sobre doenças cardíacas, com uma amostragem de homens e mulheres normais, a fim de avaliar os muitos fatores que podem contribuir para a arteriosclerose e a moléstia coronária. Este relatório sublinha o que já sabíamos há muito tempo – que a moléstia coronária é vinte vezes mais comum entre homens do que entre mulheres, durante as idades de 30 e 39 anos, e aumenta com freqüência à medida que o fim do período reprodutivo se aproxima.


AS PÍLULAS DA JUVENTUDE

Para Wilson, o exame do índice de feminilidade é o que indicará a necessidade de hormônios estrogênicos. “Se a mulher estiver nos 30 anos, seu uso se limitará a seis meses por um ano, permitindo, inclusive, regular, a seu desejo, o fluxo mensal. Mas, mesmo com 40, 50 ou mais anos, pode-se iniciar um tratamento, mais prolongado, é verdade, mas que também apresentará seus frutos.” Um tratamento à base de estrogênio sairá por uns 220 mil cruzeiros anuais, enquanto não forem produzidos em escala industrial. Mas, afinal qual pílula tomar? Diz o Dr. Maurício Teichholz: “A pílula na é uma: existem várias pílulas anovulatórias, quase todas diferentes entre si. Embora contenham essencialmente uma associação de estrogênios e gestágenos, em algumas predomina o segundo hormônio ovariano. Acontece que nem sempre a mulher, em menopausa ou não, necessita de gestágenos, além disso, os gestágenos modernos, para uso oral, são na sua maioria derivados do hormônio masculino e conservam, até o certo ponto, uns mais, outros menos, propriedades masculinizantes ou virilizantes, o que explica algumas queixas sobre crescimento de pelos, aumento de peso e outros fenômenos indesejáveis. O especialista tem meios de apurar, pelas dosagens hormônicas do sangue e da urina e pela prova de Papanicolau (exame das células vaginais), qual a deficiência hormônica que está em causa, e poderá ver vantagem em aplicar um ou outro hormônio, isoladamente. O exame ginecológico tem ainda a vantagem de desvendar quaisquer outras manifestações existentes no aparelho genital feminino que, descobertas precocemente, são perfeitamente curáveis.”


*RFATOS & FOTOS. Brasília, 13 de agosto de 1966

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