Retirante, sabia o que é miséria. Filho de família grande, sabia o que é fome. Tendo perdido a esposa numa maternidade do SUS, sabia que é a saúde pública. Casado com viúva de um taxista assassinado por latrocidas, sabia a dor como consequência da violência. Eleito pelo maior número de votos que alguém já recebeu, tinha apoio para fazer um bom governo. Amado pelo povo e respeitado pelos adversários, viajou para conquistar corações e mentes. As Nações Unidas pararam para ouvi-lo exigir ação efetiva que mitigue a fome no mundo; na França, era o “l’homme qui est venu de là bas”; Universidades lhe outorgavam títulos. Cadê os 10 milhões de empregos que iam ser criados?
O que deu errado com Lula? Com a comida quente e servida na hora, não quis saber o que se passava na cozinha do poder. Com tantos irmãos e filhos, ignorou como eles sobreviviam. Num Congresso que antes definira como acoitado por “300 picaretas”, ficou encantado com o apoio as seus poucos projetos de lei. Cacau, que antes fora favorável à reeleição, hoje dá a mão à palmatória de que deve ter sido um equívoco, um grave erro: o primeiro mandato serve para formar caixinha e alianças para garantir o segundo mandato. As promessas ficam para o 2º governo, mas aí já não há mais vontade política, o cafezinho é servido frio, os amigos se afastam, os aliados correm para o novo candidato, os olhos voltados para o próximo presidente. É o sol da meia-noite aquecendo as ilusões perdidas, pois os recentes escândalos apenas mostraram que o rei está nu.
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