(Um dia levaram meu vizinho judeu...)
Eram 22:30 de uma terça feira, no Rio de Janeiro. No ônibus da linha 350, 25 estudantes e trabalhadores iam para casa quando, em Irajá, 12 facínoras pararam o veículo, trancaram portas e janelas, despejaram gasolina e atearam fogo, com cinco mortos e 13 queimados.
Era um recado de traficantes à Polícia. Somam-se 633 os atentados, com ou sem vítimas, contra ônibus na outrora Cidade Maravilhosa, refém de políticos que querem governar o Brasil (Garotinho e Cesar Maia). Eu estava lá, em espírito, em solidariedade, na revolta. E você? Martin Niemöller era um pastor luterano que tinha uma igreja em Berlim. Em 1934, pronunciou o seguinte sermão: “Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar...”. O que estamos esperando para expressar nossa revolta? Mantermos-nos inertes e indiferentes, até que a violência exploda dentro de nossas casas? Afinal, não somos todos passageiros- reféns dos ônibus 350? Temos todos que tomar posição, ficar entre os herois de Brecht (Há aqueles que lutam um dia; e por isso são bons. Há aqueles que lutam muitos dias; e por isso são muito bons. Há aqueles que lutam anos; e são melhores ainda, porém há aqueles que lutam toda a vida: esses são os imprescindíveis) ou os “analfabetos políticos” (O pior... não ouve, não fala nem participa dos acontecimentos políticos...).
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