Os mesmos políticos que criaram a CPMF também a extinguiram. Podem alegar, já que fizeram tremenda lambança, que estavam arrependidos, que em 1996 cometeram um grande erro. Mesmo que, lá, quisessem ajudar Fernando Henrique, e, aqui, prejudicar o Lula. Agora soltam risadas. De que riem? Se, com a CPMF, os hospitais estão sucateados, operações delicadas, como de coração ou transplante, devem ser marcadas com meses de antecedência, faltam medicamentos caros, quartos, ambulâncias, enfermeiros e médicos, então como vai ficar sem os R$ 40 bilhões daquele imposto? Como em 1996, vai faltar de iodo a Doril; necessidades como cotonete, esparadrapo, gaze e papel higiênico tornam-se produtos de luxo. Antes, os ricos financiavam os hospitais dos pobres, os estados maiores ajudavam os mais fracos. Tudo acabou. Não se abre mão de R$ 40 bilhões sem conseqüências funestas.
Apenas para recuperar R$ 10 bilhões, já se aumentou o IOF, onerando o financiamento de veículos e eletrônicos, seguros, empréstimos habitacionais, cartão de crédito, compra de dólares e excursões financiadas. Os funcionários vão ficar mais um ano sem aumento; os milhões de jovens formandos perdem a chance nas 60 mil vagas dos concursos cancelados; os precatórios judiciais serão postergados.
A oposição blefa quando diz que o acordo com o Planalto era o de não ter aumento de impostos. Alguns próceres do governo já haviam alertado ser impossível não sentir uma perda desse tamanho. E não se sabe ainda o que vai ocorrer com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que teve 97% das obras previstas contratadas no ano passado. E aqueles políticos ainda riem? Devem ser lágrimas ao vento.
NOTA escrita para coluna Cacau Menezes - Diário Catarinense - Florianópolis/SC
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