Com o petróleo custando cada vez mais, o mundo industrializado do Norte está de olho em nós. Custando pouco mais de um dólar o barril em 1973, foi logo para US$ 2,90 e, em apenas três meses, para US$ 11,65. Começou o século 21 a US$ 30 e iniciou 2008 encostando nos US$ 130. Essa insensatez afeta a produção de alimentos, encarece o transporte, os fertilizantes, a petroquímica. No Brasil, a Petrobras ainda pratica os US$ 80. É por isso que o custo da gasolina é de apenas 80 centavos o litro; os R$ 2,50 na bomba são graças ao inchaço de impostos. A Petrobras é, agora, a maior empresa da América do Sul, e seu valor nas bolsas bate os US$ 300 bilhões, o dobro de seu valor patrimonial. Os grandes consumidores de petróleo contam com as recentes descobertas brasileiras para segurar o preço mundial do produto, aparecendo como o grande salvador do mundo.
Mas não podemos esquecer que uma jazida de petróleo produz apenas 10 anos ou, no máximo, 15, e que as reservas atuais devem acabar em 30 anos e não existem novas fronteiras para explorá-lo. É por isso que as novas descobertas de petróleo abaixo de camadas de pré-sal, a cerca de 7 mil metros de profundidade, chamam a atenção pelas gigantescas implicações geopolíticas e econômicas no tabuleiro energético mundial. Nossas bacias marítimas, do Maranhão até o Rio Grande do Sul, poderiam conter reservatórios incomensuráveis de hidrocarbonetos e o que se descobriu não passaria da pontinha de um enorme iceberg, numa única e gigantesca jazida de petróleo podendo conter centenas de bilhões de barris, algo como a metade das reservas mundiais provadas! Petróleo demais destruiu Angola, Irã, Iraque e (quase) o Kuwait. Foi por petróleo que o 6º Exército de Von Paulus se afundou nas neves russas, e Erwin Rommel, nas areias do deserto do norte da África. Internacionalização da Amazônia é fichinha: o perigo é ter petróleo demais e não poder segurar.
NOTA escrita para coluna Cacau Menezes - Diário Catarinense - Florianópolis/SC
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