Está faltando comida no mundo e querem culpar o biocombustível, promissora oportunidade de aproximar países tropicais, mais pobres, do Hemisfério Norte, dos mais ricos. A agricultura abaixo do Equador se revela mais produtiva, menos poluente e com disponibilidade de terras desabitadas. Os economistas já previam que quando cada chinês consumisse um cafezinho iria faltar açúcar no mundo. Pois agora 2,4 bilhões de chineses e indianos estão consumindo mais alimentos. Assim, falta milho, arroz e trigo. Como vai faltar açúcar, soja, queijo, carne, leite... e, se bobearem, água.
Quando o petróleo disparou de US$ 20 para US$ 40, o Brasil parou. Em 1975, produzíamos pouco mais de 200 mil barris de petróleo, contra um consumo de um milhão, e não havia como pagar a fatura. Foram criados os "contratos de risco" da Petrobras e o Proálcool, para substituir 100 mil barris de gasolina por dia. Mas não se pode culpar o Brasil, que produz apenas 6% dos cereais consumidos no mundo (130 milhões de toneladas contra 2,073 milhões). A cana não compete com alimentos e o milho que falta saiu das 130 milhões de toneladas que os americanos consomem para produzir etanol, encarecendo tortilha, maisena, cuscuz, polenta, pão de milho, pipoca, canjica, flocos, mingau, pamonha, angu e até ração animal.
Para o Brasil, a culpa é dos subsídios e barreiras agrícolas dos países ricos.
NOTA escrita para coluna Cacau Menezes - Diário Catarinense - Florianópolis/SC
Comments