Corria o ano de 1957. Nilton Nascimento filmava, em Floripa, o primeiro longa metragem catarinense: O Preço da Ilusão. O roteiro era de Salim Miguel e sua mulher Eglê Malheiros (juro que Salim renega o filme até hoje). Até o querido Ilmar Carvalho atuava no filme. A história é a de sempre: a menina, bonitinha, com ambições acima de sua capacidade, é cooptada para o trinômio concursos-manequim-modelo, com promessas de fama e riqueza. Na nova posição de musa-de-alguma-coisa, a moça bonita deixa para traz o primeiro namorado, os pais (para quem pretende comprar uma casa - hoje é um apartamento) e a cidadezinha provinciana, nossa deslumbrada miss fica na espera de uma fama e uma fortuna que nunca chegam. Como Conceição, aquela que desceu o morro atrás de coisas que o morro não tem, e nunca mais ninguém viu, a heroína acaba como quase todas.
O desaparecimento de Taíza Thomsen, a Miss Brasil 2002 da qual não se tem notícias há vários meses e a família de Joinville registrou o desaparecimento, nos leva à analogia com aquele filme de 50 anos atrás. Menina de boa índole, segundo sua mãe, queria ser Miss com o propósito de obter recursos e ajudar os pobres. Há mil maneiras de ajudar o próximo sem precisar se expor, como indo aos hospitais e ler para crianças ou idosos. O caminho da fama, contudo, que parece ser o mais fácil, é aquele que cobra o preço mais alto. Às vezes leva a honra, algumas vezes a morte, quase sempre destroi o orgulho.Vale a pena ser Miss?
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