Betinho, lembram dele? Faleceu há dez anos, vítima de uma doença que o comia um pouco a cada dia, um pouco de cada vez, um pouco a cada momento. Por ser hemofílico recebia transfusão de sangue e, numa dessas, foi contaminado pela AIDS. Onde foram parar aquelas pessoas que formavam mutirões para dar um prato de comido em cada lar? E pensar que 268 mil pessoas assinaram um manifesto para que a Academia de Ciência de Estocolmo lhe concedesse o título e Prêmio Nobel da Paz.
Verdade que no seu lastro foram criadas as bolsas escola, a família, vale gás e outros benefícios sociais que bem ou mal, demagogia ou filantropia, levam o Brasil a ter um pouco mais de paz social, a consciência dos ricos mais tranqüila e o país sem lutas internas.
Rememorarmos esses dez anos sem Betinho não para fazer uma análise da ingratidão – essa serpente que nos corrói sem darmos conta – mas para, agradecendo a Betinho, valorizar um país sem terremotos (mas com Renans Calheiros , sem luta fratricida (mas com uma violência urbana que supera as guerras do Oriente Médio, da Irlanda e de todos os atos de terrorismo juntos) e sem inveja (mas ainda com tremendo desequilíbrio na distribuição de riqueza). Grande Betinho. Grande Brasil.
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