Apesar da minha pouca autoridade para dar conselhos a quem quer que seja aqui vão alguns, que julgo valiosos. Não paute sua vida, nem sua carreira, pelo dinheiro. Ame seu ofício com todo o coração. Quem pensa só em dinheiro não consegue sequer ser nem um grande bandido, nem um grande canalha. Napoleão não invadiu a Europa por dinheiro. Hitler não matou 6 milhões de judeus por dinheiro. Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro. E, geralmente, os que só pensam nele não o ganham, porque são incapazes de sonhar. Pense no seu País. Afinal é difícil viver numa nação onde a maioria morre de fome e a minoria morre de medo. É preferível o erro à omissão, o fracasso, ao tédio, o escândalo, ao vazio. Porque já vi grandes livros e filmes sobre a tristeza, a tragédia, o fracasso. Mas ninguém narra o ócio, a acomodação, o não fazer, o remanso. Faça, erre, tente, falhe, lute. Não seja analista da vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano, dessas pessoas que vivem a dizer: eu não disse! eu sabia! Chega dos poetas não publicados, empresários de mesa de bar, pessoas que fazem coisas fantásticas toda sexta de noite, todo sábado e domingo, mas que na segunda não sabem concretizar o que falam. Eu digo: trabalhem, trabalhem, trabalhem. Trabalho não mata, ocupa o tempo, evita o ócio, que é a morada do demônio, e constrói prodígios. O Brasil, este país de malandros e espertos, da vantagem em tudo, tem muito que aprender com aqueles trouxas dos japoneses. Porque aqueles trouxas japoneses que trabalham de sol a sol construíram, em menos de 50 anos, a 2ª maior potência do planeta. Enquanto nós, os espertos, construímos uma das maiores impotências do trabalho. O título é de Rui Barbosa mas o texto é adaptado do discurso de Nizan Guanaes, dono da agencia de propaganda DM9, para os formandos da Fundação Armando Álvares Penteado.
NOTA escrita para coluna Cacau Menezes - Diário Catarinense - Florianópolis/SC
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