De repente, não mais do que de repente, avistei uma luz. No princípio, eu não via nada, estava muito escuro. Mas, longe, eu vi uma luz. Chegava a ser pálida, tímida, acanhada, fraca, inume e até medrosa, no começo. Mas, aos poucos, seu bruxuleante tornava-se chamejante, chispante, coruscante, faiscante, flamejante, fulgente, fulgurante, cintilante. Como se estivesse saindo de um mundo desenganado, readquiri a esperança, a expectativa, a perspectiva, a miragem, a utopia, com todas as suas conseqüências: a alucinação, a fantasia, a ilusão, o deslumbramento.
Vejam as decisões do STF e do STJ apenas nesta semana: STJ nega habeas-corpus em processo sobre tráfico de drogas no RS; negada liminar a ex-vereador condenado por homicídio no RJ; Supremo nega pedido de relaxamento de prisão a acusados de tráfico internacional de drogas; STJ nega liminar a envolvidos em roubo de cargas...
E a dureza prossegue: acusada de vender drogas para adolescentes em colégios continua presa; condenado por crime de tortura perde cargo automaticamente; advogado suspeito de fraudar INSS permanecerá preso; acusado de integrar quadrilha de Abadia tem pedido de liberdade negado; Supremo nega liminar e mantém prisão de Law Kin Chong; suspensa decisão do TJ/RJ que desrespeitava o teto remuneratório; mantida prisão de condenado por formação de quadrilha e coação no curso do processo; STF suspende aposentadoria superior ao teto; STF suspende decisões sobre servidores da Justiça Trabalhista; condenado por tráfico não consegue anular processo; tribunal mantém na cadeia duas mulheres presas em flagrante; STJ nega hábeas a acusado de tentativa de homicídio em presídio paulista; investigado por associação ao tráfico permanece preso; mantida ação penal contra acusado de apropriação indébita de contribuições previdenciárias; e condenados os playboys que espancaram doméstica no Rio de Janeiro...
Ou seja, a Justiça não está mais livrando a cara de quem tem dinheiro para apelar ao STF e STJ.
Este modesto escriba também pode restaurar a sua fé nas instituições. Como em nossos tribunais superiores, que, depois de uma automutilação, voltam a manter a esperança de que sejam guardiões da sociedade.
NOTA escrita para coluna Cacau Menezes - Diário Catarinense - Florianópolis/SC
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