Quando uma Nação se vê na iminência de uma guerra, procura garantir a neutralidade de outras nações adversárias, a fim de que não intervenham no conflito. Chama-se a isso “Tratado de Não-Agressão”. Desenvolve-se no Brasil, uma política de gradativa democratização, iniciada no governo Geisel onde, a par de algumas cassações de mandatos (às vezes arbitrárias e indefensáveis), se podia ver a mão firme e resoluta de distensão: o término da censura aos jornais e coibição dos abusos físicos aos presos políticos. O presidente Figueiredo, estendeu a mão aos adversários, promulgou uma Lei de Anistia que foi mais longe do que pretendia o antigo MDB, assimilou os exilados, ignorou algumas ofensas pessoais e todo mundo viu que a abertura era pra valer. Veio o “Pacote de Novembro” como uma resposta dura, um soco na mesa, uma reação à derrota das sublegendas para governadores de Estado. Agora PP e PMDB resolvem, em convenção, fundir-se num só partido com a incorporação do primeiro (muito menor, mas moderado), ao segundo (muito mais expressivo, embora com uma ala dominada por radicais). O PDS ameaça retaliar, com arguição na justiça da legalidade da incorporação.
Não carece. A partida não está embolada, a democracia não está ameaçada, a alternância no poder faz parte da rotação da própria terra (apesar da figura retórica de Kissinger, a propósito do domínio do Terceiro Mundo na ONU: “é uma ditadura da maioria”). Frente aos inimigos comuns do povo brasileiro (pela ordem: a fome, o desemprego, a corrupção, a indigência administrativa, a falta de patriotismo, o egoísmo e a acomodação), os Partidos políticos devem firmar um “Pacto de Não-Agressão” e, com as forças ora reequilibradas, partir serenamente, sob o comando do Presidente Figueiredo, para as eleições de aqui a 11 meses. O resto é provocação.
Publicação: Jornal CORREIO DO SUL-Criciúma
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