Chocou-me profundamente a posição pública do jovem estudante R. J. B., de 19 anos que, por uma bolsa de estudos na Fundação Universitária de Criciúma, oferece o seu e mais cinco votos da família. É evidente que o TRE vai chamar o jovem e adverti- lo, se o Promotor Público não denunciá-lo e propor alguns anos de prisão (afinal, corrupção eleitoral dá cadeia). Também as fúteis razões que levam o jovem a tão vergonhoso ato me chocam, igualmente. Fala o estudante em “voto de convicção”, “extrema necessidade” e chama de “besteira” o Crédito Educativo.
O voto é uma questão de foto íntimo. É nas urnas que o cidadão julga o governo que administra, renova a confiança ou lhe retira, dando oportunidade a um novo partido, uma nova corrente, a uma outra esperança. Vem dos gregos a sentença: cada povo tem o governo que merece. Quem aliena seu voto - por mercenário, desligado ou inconsequente - não está colaborando em nada com a Nação. Na verdade, desonra o título eleitoral que o País lhe outorgou. A generalidade é um vício que deturpa o pensamento e a argumentação. Chamar os políticos patriotas, honestos e delicados, é faltar com a Verdade. É até covardia. Se das Câmaras e do Congresso recebemos notícias de “mordomias” e vantagens pessoais, não podemos ignorar que o sistema representativo (e nele está incluído o Executivo), tem feito esforços para, através do aperfeiçoamento das leis, tornar a vida mais equânime, melhor dividida e positivamente superior ao passado. Nota-se que apesar dos percalços do mundo, a prática democrática - na medida em que se permite as minorias defender livremente seu pensamento - tem permitido ao Brasil escapar da carnificina que enluta a América Central, da brutalidade que ocupa o noticiário sobre a África, e do obscurantismo que entristece algumas nações sul-americanas. Assim, a posição do jovem estudante, além de medíocre e antipatriótica, o é também egoísta e perniciosa. Seu desdém ao Crédito Educativo não procede, O governo coloca à disposição do estudante uma determinada importância que é creditada semestralmente, e ele só irá reembolsar 6 meses depois de formado, a juros limitados em 20% ao ano. Com o atual processo inflacionário, esse dinheiro, baratíssimo, acaba sendo uma bolsa de estudos. Quem o jovem despreza.
Deixei para o final da última desculpa – a de que é extremamente necessitado. Neste caso eu pergunto: e por que insistir em Universidade? O Brasil é carente de bons profissionais de nível medi – esses verdadeiros artífices de mão de obra qualificada nacional. Universidade não é para quem quer - é para quem pode. E poder aí não significa recursos financeiros (existe Universidade gratuita, refeição subsidiada, moradias a preços simbólicos e outras vantagens, para o estudante pobre. Significa sim inteligência, talento, vocação... qualidades essenciais que parecem faltar ao jovem vendedor de sua dignidade. Que a atitude alienada do jovem estudante seja infrutífera e não conquiste seguidores...
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