Um francês ia caminhando quando viu uma criança sentada no meio fio e chorando. -“O que houve?” – “Meu sou caiu no bueiro, M’sieur, e não consigo mais achá-lo”. Como o sou era moeda de pouco valor, cerca de 20 centavos de franco, Monsieur achou por bem dar um sou para a criança que, aí, passou a chorar mais forte ainda. -“O que houve agora?” -“É que se não tivesse perdido meu sou, eu agora teria dois sous...” Existem adultos que se tornam, com o tempo, prisioneiros da própria lógica, como aquela criança. Não adianta dizer-lhe que, não tivesse perdido o primeiro sou, não ganharia o segundo: sua lógica é impecável: não houvesse perdido seu sou, agora teria dois.
Muitos investidores, de cabelos brancos até, fazem suas aplicações seguindo suas próprias lógicas e depois se questionam onde erraram. Sou levado a dar um exemplo, para ser mais específico: milhares de investidores acreditaram numa empresa petrolífera, levados mais pela admiração no empresário bem sucedido, que a lançou, tido como Rei Midas, deixando de lado outros fatores como a racionalidade, o bom-senso, a segurança, o questionamento: pode-se criar uma empresa petrolífera assim, de repente? Seguiram a lógica, esqueceram a razão, compraram esperanças e hoje nadam em espuma.
Não vamos citar a PETROPAULO, mas montar uma petrolífera partindo do nada é tão impossível quanto querer montar um carro de ponta para competir na Fórmula I e vencer já no primeiro ano: são milhares de peças, quebra-cabeças, conjuntos que vão exigir uns 10 anos de prática. Afinal a Petrobrás sobreviveu à queda do monopólio não por ser estatal mas porque tem o mais importante nesse mercado: 70 anos de experiência com sua memória viva nos mais de 85 mil empregados de idades variadas.
Sou investidor em fundos imobiliários há mais de 7 anos, e as atitudes lógicas que tomei foram sempre sopesadas com outros elementos como a racionalidade, a leitura dos fatores de risco (os imóveis têm contenciosos? Algum nas justiça? Podem ser desapropriados? Necessitam de reformas custosas? O gestor se preocupa com a adimplência do inquilino?). E tenho recomendado a amigos e, sobretudo, para minha família: não fiquem prisioneiros da própria lógica!
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