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Vanio Coelho

VANIO COELHO

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Meu avô o mestre Baden

Atualizado: 22 de set. de 2019




Um velho e antigo violinista fala sobre o mais discutido autor da bossa nova. Quando o show recomeça no Teatro de Arena e os spots se acendem sobre Baden-Powell de Aquino, ele diz, com muita modéstia: “Vou tocar agora para vocês junto com um homem que eu gosto muito. O que sei de violão devo tudo a ele. Quero chamar... Meu avô... para que toque ao meu lado.” É quando entra Jaime Tomás Florêncio, o Meira, também conhecido como Meu Avô. Ele sabe tudo sobre Baden, foi seu mestre, é o seu melhor amigo. Meu avô conta: “Baden nasceu no Estado do Rio, numa cidadezinha chamada Varre-e-Sai

, há 28 anos, mas só vim a conhecê-lo em 1946. Seu pai me trouxe para ouvi-lo tocar. Ouvi e comentei: “Esse menino vai...” Ele tinha só oito anos quando resolvi encaminhá-lo na música. O violão era maior do que ele. Ao contrário dos outros alunos, Baden não se contentava com o que sabia. Tinha uma “fome” doida. Vi que não poderia ensinar mais nada a ele. Aos treze anos, foi para uma escola profissional de música, mas continuamos ensaiando e tocando juntos. Considero o Baden, hoje, o melhor violinista do Brasil, seguido por José Meneses e Garoto (já falecido). Vinícius de Moraes entrou na vida de Baden em 1961. Escutou-o e desejou logo conhecê-lo. Dessa amizade resultariam páginas inesquecíveis, como Samba em Prelúdio e outras.


É interessante notar que as músicas deles são mais conhecidas na Europa e nos Estados Unidos do que no Brasil, onde nasceram e foram inspiradas. Baden, atualmente, tem problemas pessoais, frutos de sua carreira, cuja ascensão foi muito rápida. Ele chegou aquele ponto em que ganha muito dinheiro, mas trabalha demasiado. Precisa dos amigos para enfrentar os problemas negativos que a fama e a glória trazem consigo. Mas Baden tem, acima de tudo, um ideal: a busca da perfeição na composição. Estou no Rio há quarenta anos. Vi nascerem, crescerem e desaparecerem, mortos ou esquecidos, grandes compositores e cantores nacionais. De todos, guardo mais viva a lembrança de Noel Rosa. É impressionante como se parecem, o Noel e o Baden-Powell...” É assim que Meu Avô resume a carreira de Baden, de quem ficou afastado vinte anos e reencontrou, por acaso, durante um show, de que ambos participavam. Meu Avô anda sempre com uma foto de Baden no bolso e fica em êxtase, sentado no chão, quando o antigo pupilo toca.


FATOS & FOTOS

Brasília, 18 de dezembro de 1965

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