Conta a lenda que o Califa sofria de uma doença mortal, agravada por sua eterna casmurrice. Os marlins, os médicos, os curandeiros, todos eram unânimes em informar que somente fazendo o Califa feliz sua doença regrediria. Como fazê-lo? “Achem um homem feliz e comprem sua camisa; vistam-na no Califa e ele herdará a felicidade do homem feliz”. A lenda conclui que quando encontraram o homem feliz viram que era tão pobre que nem camisa tinha. Como não estou aqui para fazer proselitismo, nem tenho vocação para puxar qualquer desfile, que fica melhor com quem é porta-bandeira. Mas não pode, também, ficar imune ante a violência que adentra nossos lares, sob o risco de, daqui a pouco, não ter mais para quem escrever.
O querido maestro Tom Jobim disse certa vez que “morar em Nova York é bom mas é uma merda; morar no Rio é uma merda mas é bom”. A cruel morte daqueles meninos no interior de São Paulo, contudo, joga na primeira página, mais uma vez, os problemas da maioridade penal e da pena de morte. Sem medo de levar bordoada, vai lá a opinião da coluna:
1) as leis penais no Brasil são propostas por quem não vivencia os problemas, não anda a pé ou de ônibus/trem, mas possui porte de arma e carro com motorista. Portanto, não está exposto à violência como estão os restantes 99% da população.
2) esses vivem copiando os avanços verificados nos países sem problema social, como se o Brasil estivesse na Europa e não abaixo do Equador: como comparar o Brasil com uma Suíça, Dinamarca ou Suécia? Lá eles enfrentam uma guerra civil como nós?
3) ninguém defende a pena de morte como solução, mas como medida profilática: se você mata um cão raivoso, você não acabou com a hidrofobia, mas, certamente, aquele cão não vai mais transmitir doenças. Não se pode mais contemporizar, expondo a vida dos outros: quem reincidir, maior ou menor, deve-se aplicar todo o rigor das leis.
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