O boto é um primo pobre do golfinho, o mais inteligente dos mamíferos aquáticos (não confundir com peixe). Amigo dos homens, ele se afeiçoa ao pescador que o alimenta e, em gratidão, auxilia na sua pescaria, tangendo os cardumes de tainha para a parte baixa da praia, onde será tarrafeado.
Possuem a capacidade de comunicação primária, emitem grunhidos que são captados por seus pares à distância. São domesticáveis e não se amedrontam. Não raro esses cetáceos se emaranham nas redes dos pescadores, causando danos mútuos. Pois foi o que aconteceu com Galha Torta, um dos mais famosos botos de Laguna. Irritado, o pescador proprietário da rede agrediu o golfinho com o remo, quase à execução. Libertado da rede mas muito ferido, Galha Torta apareceria morto na praia do Gi, no dia seguinte. Media uns 2 metros meio, com mais de duas toneladas e teria uns 30 anos. Triste fim para quem, nos mares, foi majestoso e majestade. Espera-se uma punição exemplar ao pescador nervosinho. E punição, aí, não significa prisão,, mas uma multa compensatória, como a de doar, cada dia, durante um mês, cinco quilos de peixe para os botos remanescentes.
Nós nos comovemos com a falta de conforto para os bichos nos zoológicos, nos solidarizamos com os que se opõem à derrubada de árvores na Amazônia, nos revoltamos com a matança de focas no Alasca. E quando esse extermínio ecológico é tão próximo de nós, nossos corações estarão assim tão empedernidos que nem um brito de “fora brutos” conseguimos emitir? Pois eu solto e grito, e alto e bom tom: basta de complacência.
O Renovador-Laguna
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