As operações policiais realizadas diante das câmeras da Globo - com a exposição de investigados presos de pijama e algemados e o vazamento para comprometer autoridades - levaram o Supremo Tribunal Federal a determinar que o uso de algemas, agora, só no caso de resistência à prisão, risco de fuga ou perigo real; em caso de desobediência, o processo se anula e o agente indenizará a vítima.
A situação chegou ao ponto de até o facínora "Elias Maluco", assassino de repórter da Globo, advertir: "Prende, mas não esculacha". No Rio de Janeiro, o policial Aurílio Nascimento registrou seu inconformismo: "Vendo dois pares de algemas usadas. As mesmas já algemaram punguistas, ladrões de todas as espécies, traficantes, homicidas, bêbados, arruaceiros, agressores de mulheres, estelionatários, o Rei da Noite do Rio de Janeiro e o autor do homicídio da Daniella Perez. Aceito oferta, pois não servem mais para minha atividade."
Outro dia, faltou pouco para que Duda Mendonça, o marqueteiro de Lula flagrado numa rinha de galo, fosse exibido com algemas. Em muitos casos, elas são exemplares, mas parece difícil sustentar a necessidade de amarrar o publicitário. Veja-se a Operação Moeda Verde. Vinte e duas prisões, entre as quais empresários reconhecidos internacionalmente, políticos, técnicos e funcionários de carreira. Ao virem a público o teor das denúncias, ficou claro que parte das acusações era inócua ou superdimensionada. Se algemadas, essas pessoas carregariam, para o resto da vida, injusta e desnecessariamente, um trauma insanável.
Propaganda
Consta na propaganda de TV do prefeito a seguinte afirmação: "As passagens de ônibus de Florianópolis são das mais baratas do Brasil". Talvez seja verdade. Mas a informação esconde uma outra grande verdade: jamais, na história deste país, Florianópolis distribuiu tanto dinheiro aos empresários de ônibus para que motoristas e cobradores não façam grave. É R$ 1 milhão, todo mês, a título de "subsídio".
NOTA escrita para coluna Cacau Menezes - Diário Catarinense - Florianópolis/SC
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