Aquele avião que decolava do Hercílio Luz levava a bordo 5 crianças, filhos de 2 casamentos desfeitos, de retorno às casas maternas. Estiveram aqui para passar o verão com seus pais. A bordo predominava certamente a alegria e a ilusão de quem tem entre 6 e 12 anos. Em terra deixam tristeza e angústia: que lugar vão ocupar na vida? Quantas vezes no caminho a vida nos apresenta bifurcações que certamente nos levam a futuros diferentes mas não sabemos se mais feliz ou menos feliz. E se eu houvesse tomado o caminho da direita, onde estaria hoje? Se tivesse casado com Mariazinha e não com a Mariana teria sido mais feliz? Se no lugar de jornalista tivesse sido engenheiro seria mais realizado? Se no lugar de ir para o Rio tivesse ido para Porto Alegre, o que seria eu hoje? Ao ver aqueles rostos miúdos despedindo-se dos pais que ficavam, e partindo sem nenhuma demonstração de tristeza ou saudade na sua alegria infantil de viajar de avião e trocar de cidade, abate-nos a profunda melancolia de ver que aquela doce inocência breve se perderia nos conflitos que a vida oferece aos adolescentes. O que serão eles daqui a 20 anos, que sonhos se realizarão?
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