A idéia de um terceiro mandato consecutivo para Lula volta a circular em Brasília. O PSDB e o DEM tentam criar barreiras contra a reforma constitucional. O PT, em convenção, decide ser contrário a um terceiro mandato. Mas com José Dirceu e Antonio Palocci fora da competição, por excesso de esperteza, o partido está sem forte candidato à sucessão. Em 1992, com medo da então "garantida" eleição de Lula, reduziu-se o mandato para quatro anos. Em 1996, novamente com medo do "imbatível" Lula, criou-se a reeleição para FHC. Os argumentos renascem agora, só que para eternizar Lula. O presidente disse que, "falando do coração, acho uma bobagem e uma falta de assunto da oposição ficar discutindo o terceiro mandato". Ok, mas projeto para isso está prontinho para ser protocolado na Câmara, mesmo que 65% da população seja contrária.
Duvidar da sinceridade de Lula seria lutar contra a notícia. Alterar a Constituição custaria enorme preço em termos de cargos e favores, pois são necessários dois terços dos votos. Não é mais tático candidatar-se em 2014 e dizer que tinha força política para continuar no cargo, mas recusou? Lula não é da nobreza, embora dotado de uma esperteza de gênio. Mas não custa lembrar Dom Pedro, nosso primeiro imperador, que, insuflado e adulado, bradou, naquele 9 de janeiro de 1822: "Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto! Digam ao povo que fico."
Se o imperador não resistiu aos apelos, nosso operário-padrão o fará? Por isso, melhor ficar com um olho na missa e outro no padre.
NOTA escrita para coluna Cacau Menezes - Diário Catarinense - Florianópolis/SC
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