top of page
Vanio Coelho

VANIO COELHO

Para acessar os textos do livro "Vento Sul - Velho Vento Vagabundo", escolha uma das opções abaixo!

Artigos & Reportagens: Bem-vindo
Artigos & Reportagens: Blog2
  • Foto do escritorVanio Coelho

Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós

Numa de minhas viagens pela BR, pressenti que ia ser barrado por um patrulheiro, embora não tivesse cometido qualquer infração. É daqueles lances que você percebe ao longe. Talvez o patrulheiro estivesse cumprido seu dever. Para mim soou como prepotência e fiz questão de demonstrar isso.


“O Sr. parou-me por alguma razão específica?”, perguntei. “Sim, o Sr. saberá”, respondeu-me o patrulheiro, o semblante duro, demonstrando raiva (por que será que um cidadão que paga todos os seus impostos, sustenta esses mesmos burocratas, quando resolve cobrar seus direitos é visto com aborrecimento? Será que eles não percebem que o automobilista contribui com cerca de 1 trilhão de cruzeiros (250 bilhões de IPI, 600 bilhões na gasolina e 100 bilhões na TRU) para os cofres da União?). “Sua carteira de habilitação, por favor”. Entrego: está em dia. “Os documentos do carro, por favor”. Mostro, está tudo okay. O Sr. bateu com o para-lama direito, por favor”. - O quê? Documentos de delegacia mais próxima dando ciência do registro de ocorrência? Quer dizer que agora qualquer batida tem de ser registrada em delegacia de policia? E se andar com o documento? Será que o delegado de Policia não tem mais o que fazer? Será que um patrulheiro rodoviário tem o direito de exigir tal papel? Tudo bem, o Código Nacional do Trânsito permite. Mas isso não retira do ato a prepotência e o abuso. Esses atos de prepotência e burocracia vieram-se à mente depois que li o novo Decreto do Ministro Hélio Beltrão, sobre fotos 3 x 4.


Realmente o que se exige neste país de incompetentes autoritários é transcendental. Foto de frente (aparecendo as duas orelhas), foto colorida, foto 3 x 4, 2 x 2, 6 x 9 - e por aí afora. Até firma reconhecida, sabiamente eliminada em documentos federais, foi-me exigida pelo Banco Lar Brasileiro, num documento ao imposto de renda... Como, aliás, a Vara de Família do Rio continua exigindo. Todas essas brutalidades contra o cidadão foram se ampliando durante a vigência do AI-5, ele próprio fruto do arbítrio jurídico (aliás, o CNT foi elaborado nesse período). Cito alguns exemplos de como a burocracia destroi o homem (e renderá votos para as hostes adversárias, em novembro de 1982): - por que “Polícia Rodoviária Federal” e “Estadual”? Antigamente eles eram “patrulheiros”, o que é mais simpático (ou menos antipático). - por que nas proximidades de posto de patrulhamento, a diminuição de velocidade (60 - 40 - 30 km/hora), se o patrulheiro está lá dentro da guarita resolvendo problemas de palavras cruzadas? Segurança? Em caso de emergência, eles podem perfeitamente reduzir a largura da posta e mesmo interditá-la... Aliás, entre Rio e São Paulo já aboliram. Cito alguns fatos que mostram como as boas intenções, em mãos incompetentes, se voltam contra o contribuinte. O cidadão chega à Caixa Econômica e entrega toda a papelada para o financiamento de uma casa própria (40 documentos). A moça os recebe, examina alguns e faz uma observação: “Tenho uma boa noticia para o Sr. Não é mais preciso reconhecer firma: leve a papelada de volta, refaça-a e traga-a aqui sem firma reconhecida”. O cidadão entrou no primeiro bar e encheu a cara. No BANERJ, levo o cheque preenchido, enganara- me e escrevera 2 cruzeiros a mais. O caixa: “Não posso aceitar”. Eu: “devolva-me em dinheiro os 2 cruzeiros”. Ele: “não posso dar um tostão”. Eu: “guarde o troco”. Ele: “o meu caixa não fechará”. Tive de fazer novo cheque. Nos Correios: o telegrama custava 90 cruzeiros. A moça não tinha troco para os 100 cruzeiros, não tinha selo e não quis ficar com a diferença. Tive de trocar dinheiro noutro local. Leio agora no jornal “A Ponte” que o Correio devolveu um convite entregue em mãos ao seu chefe, alegando que é proibido ao brasileiro entregar convite em mãos: tem de selá-lo. Burocracia tupiniquim? Cito um caso americano, que me chega ao conhecimento graças a L.Peter: “Solicitei designação (como professor) para uma escola”.


Entrei com os requerimentos necessários, anexei os documentos de praxe e cumpri com a maior boa-vontade todas as exigências burocráticas. Semanas mais tarde, lá veio toda a minha papelada de volta! Não, não faltava nada em minhas credenciais: os formulários estavam todos bem preenchidos: um carimbo oficial da secretaria mostrava que tudo fora recebido em ordem. , porém vinha junto uma carta dizendo: “A nova regulamentação determina que estes requerimentos não sejam aceitos pela Secretaria de Educação se não forem registrados no correio para assegurar a entrada. Solicito- vos a fineza de colocar outra vez a documentação no correio, tendo o cuidado desta vez de registrá-la”. Como dia o autor, dá para suspeitar que os burocratas nacionais não tenham o monopólio da incompetência...

2 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Vento Sul

Eis que surge o vento sul. Ataca por todos os lados, é frio, é grudento, é a prova de casaco, de lareira e de conhaque.

Eternamente Drumond

Alguns versos aqui publicados semana passada foram suficientes para que leitores atentos lembrasse que, vivo, Carlos Drumond de Andrade...

Muito além do rio

Aquelas arcadas eram suntuosas, mas nos pareciam assustadoras no primeiro dia da matrícula;

bottom of page