Havia uma época em que o Rio de Janeiro era malandro, ingênuo e “carioca”. Hoje o Rio só é bonito visto do alto de um avião ou de seus ícones, o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor. Bons tempos em que Walter Pinto, Colé e Íris Bruzzi, a Guida Guevara em Belíssima e as vedetes de Carlos Machado, com suas revistas musicais de títulos maliciosos e de duplo sentido: Elas Querem é Poder, Tem bububu no bobobó, Na Tonga da Milonga do Kabuletê, Banana Nanica engorda e faz crescer. Pois o Rio mudou. Para pior. Como também a política mudou para pior.
Por isso, nada mais gratificante do que registrar a posse da primeira mulher no cargo de Presidente da Suprema Corte Brasileira, Ministra Ellen Gracie Northfleet, carioca mas egressa do Tribunal Regional sulista. Nada gratifica tanto nesse ano que não quer acabar como a notícia de que a Ministra Ellen será a próxima presidente do Brasil! Isso mesmo. Em maio, quando Lula viajar ao Japão, a Ministra ocupará o Palácio do Planalto no cargo número um do País, na qualidade de 4ª autoridade na linha sucessória. É que, por motivos de inelegibilidade (quem ocupar o cargo não pode se candidatar), o vice Presidente e os presidentes da Câmara e do Senado também vão de ausentar do País, tornando vacante a cadeira do Palácio do Planalto.
Vira-se assim uma página na recente história do País: a mulher sai dos títulos machistas das revistas musicais e adentra no cargo mais importante da Nação, trazendo um vento ético que pode alentar a população desiludida e a promessa de uma justiça rápida.