Quem achava que o Governador ia dar um canetaço na diretoria da Celesc só resta, como aos desafetos de Dante, reler a sentença: Lasciate ogne speranza, voi ch´intraste (Deixai toda esperança, ó vós que entrais). Ou então perguntar, como Drumond: “E agora, José?/ A festa acabou/ a luz apagou/ a noite esfriou/ e agora, José?”. Ou, ainda, darmos as mãos e ir dançar na praia, como a alegre prostituta do filme “Sempre aos Domingos”. O perigoso corporativismo vai acabar atribuindo a um míssil norte americano desviado do Iraque a destruição dos cabos; a fragilidade nos sistemas de abastecimento de água e luz é “fruto das administrações passadas”, e o vento ninguém conhece. Ventos siberianos de 139 km por hora? Em Floripa?
De que a Celesc se orgulha? Corajosa por que fez em 3 dias um by pass na ponte que seria obra para 90 dias? Então por que mentiram para a população, anunciando que a luz voltaria em 20 horas, depois 30, depois 40 e depois 50 horas? Coragem seria admitir que não tinham plano opcional, não tinham alternativas e que o povo teria que conviver com liquinho e “pombonas” durante os próximos 90 dias. Teríamos pelo menos a oportunidade de reorganizar nosso cotidiano, no lugar de aguardar esperançosos uma luz que só voltaria 80 horas depois.
A população que paga a mais cara cesta básica do país, as tarifas de ônibus mais elevadas, o ISS mais alto, seguro-apagão mesmo ficando sem luz, iluminação pública onde não tem poste, coleta de lixo onde não produz (garagens) e que enfrentou com estoicismo os transtornos do trânsito, sentiu-se abandonada: sem água, sem ônibus, sem ponte, desinformada e sem governo. Será necessário lembrar que a Revolução Francesa, além de cortar a cabeça do Rei, da Rainha, dos seus líderes Danton e Robespierre, também cortou a do próprio Doutor Guilhotin, inventor da guilhotina?
Comentarios